O Corpo Fala: entenda a Importância da linguagem corporal
29/06/2020O líder de sucesso sabe se comunicar
20/07/2020“Todo problema é uma ótima oportunidade para encontrar uma solução”, essa frase de Walt Disney é um estimulo para incríveis transformações. Eu desejo que, assim como ela tocou minha vida profundamente e me ajudou a mudar, que também ajude a transformar positivamente a sua vida.
Aos 29 anos eu recebi o convite para coordenar a assessoria de comunicação da Polícia Civil do Estado do Amazonas. Ufa, escrever esse nome todo me faz lembrar o frio na barriga que senti naquela época na hora que ouvi do delegado que me convidou, a pergunta: “Você está preparada?”. Não, eu não estava preparada.
O que me levou até lá foi o medo de perder a oportunidade. Normalmente eu digo SIM e mesmo que não saiba exatamente, eu me esforço para aprender porque o “princípio da oportunidade” me rege quase que como uma cláusula pétrea, inalterável. Minha avó materna Hortência, que atualmente tem 92 anos de muita sabedoria, sempre disse que o mundo é dos audaciosos. Minha mãe Walquíria diz que eu entrei na fila da audácia muitas vezes. Foi justamente essa audácia que me fez aceitar a proposta, apesar do medo.
Preciso dizer que aquela missão envolvia excessiva cobrança? Preciso dizer que o peso do julgamento sobre tudo que eu fazia de certo ou errado era insuportavelmente doloroso? Sim, eu quero exagerar usando essas expressões porque, para a maturidade, conhecimento, idade e experiência que tinha naquela época, era assim que eu sentia. Era doloroso.
Diante das atividades pelas quais eu era responsável e da rotina de cobranças, ambiente hostil, poucas horas de sono, três celulares que dormiam ao meu lado direito recebendo mensagens de pessoas mortas, a dificuldade que eu tinha de lidar com os julgamentos injustos, estresse, etc, etc, etc, comecei a tratar a equipe que eu coordenava, e que amava também, de forma grosseira.
Minha comunicação se tornou violenta, falava alto e achava que estava falando normal, falava firme e de forma bem direta, e isso para algumas pessoas soava como ofensa e agressão. Para mim eu estava me comunicando normalmente.
Minhas irmãs, Rebeca e Andréa, duas brilhantes profissionais da psicologia chegaram a testemunhar alguns desses momentos. A Rebeca, dizia: “fala baixo” e eu dizia em tom estressado: “eu to falando normal”. Elas tentavam me ajudar com amor, mas foi com a dor que eu aprendi.
Apesar de nunca ter sido desumana e de muitas vezes brigar (literalmente) por melhores salários e fazer tantas coisas boas que não vou detalhar, eu tratei algumas pessoas de forma que não me orgulho. Me recordo que cheguei a dizer, durante uma sessão com a psicóloga, chorando copiosamente: “Eu não sou essa pessoa, eu não quero ser assim”, ao contar como, em alguns momentos eu acabei tratando as pessoas de forma incongruente comigo mesma.
Até que, um “belo dia”, uma pessoa, me acusou de assédio moral. Ela tentou convencer alguns estagiários a irem até a Corregedoria do Sistema de Segurança para me denunciar. Porém, eles mesmos me contaram e fizeram isso porque perceberam que a pessoa que me acusava estava fazendo aquilo por pura maldade e não por justiça. Depois de anos fiquei sabendo que ela sim cometia assédio moral com os estagiários. Vários deles me relataram situações que viveram, mas essa história fica pra depois.
A realidade é que ela e algumas pessoas pontuais, também inventaram muitas mentiras sobre mim. Eu fiquei arrasada. Pensava em cada noite mal dormida, cada lágrima derramada, cada cobrança excessiva e a vontade de fazer o melhor, cada conquista, nada teria adiantado e meu nome iria para a lama. Alguns colegas jornalistas falavam mal de mim sem sequer trocar meia dúzia de palavras comigo. Nem me conheciam. Essa pessoa, que me acusou de assédio moral chegou a distorcer fatos, aumentar demasiadamente os acontecimentos (pra não dizer que inventou outros) e foi para as redes sociais denegrir a minha imagem. Eu fui ao fundo do poço. O que eu não sabia, é que lá estaria a melhor oportunidade da minha vida.
Lá no fundo do poço frio e escuro, eu refleti sobre as minhas atitudes, e principalmente, como poderia mudar. Me vitimizando eu não chegaria a lugar nenhum. Percebi que parte de tudo aquilo que diziam eram inverdades ditas por pessoas que estavam tentando se aproveitar e, quanto a isso, eu não poderia fazer nada, apenas devolver a responsabilidade que era deles.
Porém, precisa olhar para as minhas próprias atitudes. Percebi que a parcela de 50% do que comentavam era verdadeira. Eu realmente tinha me comunicado de forma indevida em diversos momentos. Tinha errado. A mim coube devolver ao outro o que era dele e fazer uma das coisas mais importantes que fiz até hoje: assumir que tinha errado, assumir a responsabilidade por meus atos e buscar aprender a agir de forma diferente.
Eu não podia mudar o que passou mas queria encerrar aquela missão da melhor forma possível.
Descobri que no fundo do poço tinha uma cama elástica. Aprender com os erros é a cama elástica, e a vontade de acertar é o que faz saltar para sair da escuridão. Procurei fazer uma autoavaliação e ouvir TUDO o que os colaboradores pensavam sobre mim. Nessa altura da história a pessoa que me acusou já não integrava mais nossa equipe.
Solicitei que eles escrevessem avaliações sobre os gerentes e sobre mim. Na verdade o que eu queria mesmo era saber só o que eles pensavam verdadeiramente sobre mim. Tive medo do que ia ler. As mensagens Foram verdades curativas. Eles me admiravam, me reconheciam como “líder” e como uma profissional que trabalhava muito, que fazia acontecer, mas também reconheciam minha instabilidade e comunicação estressada.
Feedbacks são presentes e assim recebi cada avaliação e guardo até hoje. Alí eu descobri que havia um universo de novas oportunidades e possibilidades. Aprendi que eu posso e devo fazer escolhas diárias para me comunicar de forma assertiva. Aprendi que posso buscar ajuda e que posso oferecer ajuda. Descobri a PNL, transformei a forma como me comunico e é por isso que hoje ajudo pessoas a se comunicarem de forma assertiva.
Consegui construir uma nova história a partir daquele momento.
Deixei de errar? Calma, continuo sendo ser humano e continuo aprendendo. Aprendi a escolher, acertar e a me perguntar todos os dias: Como posso me comunicar de forma assertiva hoje? Isso me coloca aberta para escolher novos recursos para explicar, convencer e entender que o outro pensa de forma diferente, tem estilo de comunicação diferente do meu, perfil comportamental diferente e que para me fazer entender o outro, preciso aceitar as diferenças sem impor meu estilo. Aprender a me conectar com o diferente é o que faz a diferença, o rapport.
Ser acusada de assédio moral foi um dos melhores presentes que recebi na vida. Na época eu chorei muito e tive que fazer a oração do perdão durante muito tempo para a abençoada que me acusou. Mas eu só queria perdoá-la pelas inverdades que ela contou para toda a cidade. Pelas verdades eu só tenho a agradecer. Ela foi um presente, instrumento de Deus que ajudou a transformar minha vida. A partir do que ela disse e fez, eu encontrei o meu propósito de vida e atualmente me dedico a isso, a ajudar a transformar a vida das pessoas através da comunicação. Ir ao fundo do poço, apesar de doloroso, foi mágico.
Será que você está pronto para ver beleza no fundo do poço? Será que seu fundo de poço foi ser demitido do trabalho? Terminar uma relação por se comunicar de forma agressiva? A oratória confiante, segura, falar em público, se comunicar bem, não é apenas para quem quer ser palestrante, gravar vídeos ou fazer apresentações.
Saber se expressar é antes de qualquer coisa um ato de inteligência emocional e um exercício de humildade, de entender que nada é tão bom que não possa ser melhorado.
Abra os braços e permita-se aprender, a se comunicar. Os profissionais do futuro são aqueles que sabem se comunicar bem. Dê poder a sua voz. Mude a chave, deixe de dar desculpas de que sua personalidade é forte e que por isso se expressa de forma agressiva. Mostre que tem força de vontade a aprenda novas respostas para a pergunta: como posso me comunicar de forma assertiva hoje?
Você pode ir além.